quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Na outra Pele

Allison Brady

Como gostava eu,
de acordar de manhã,
e vestir outra pele,
como se vestisse outra roupa.
Experimentar outra alma,
posar com ela em frente ao espelho,
para ver se me assenta bem na essência.
Nenhuma me cai em graça.
Faço sempre cara feia à imagem que me é devolvida.
Então, dispo-me.
E atiro-a para um canto.
Retomo à que deixei pousada nos meus sonhos durante o sono.
Aquela que cresceu comigo.
Que já me sabe vestir,
e usar.
Traz pequenos remendos em volta do peito,
aqueles que foram cosidos no fio das lágrimas.
Ah e como ainda trago os dedos dormentes, ò alma minha.
Que faço de ti agasalho.
Não, faço mais do que isso!
Eu escrevo-te,
e rescrevo-te vezes sem fim.
(pudesse eu ter sossego).
E quando os meus sentidos entram em sintonia,
bailando com as dores da curta vida,
tu, velha alma, elevas-te
e fazes de ti poesia. 


Rita Oliveira
30 de Agosto de 2011