segunda-feira, 30 de abril de 2012

Alma à vista




Costumam ver-me sozinha,
Trago um vestido transparente,
Cor-de-alma,
e ilusões na bainha.
Nessas margens onde já se implorou poesia
e se lavou a cara de medos,
Eu lá ando, trago a vida ao ombro,
suspensa na ponta dos dedos,
Um sabor a liberdade acaricia
os cabelos…
mas sem tempo de limpar os cantos da boca.
E venho com lágrimas, venho com versos,
e suspiros,
desenhados na minha pele nua,
Com uma verdade que ofusca
todos os que me vêem vaguear na rua.
E é pelos olhos que lhes oiço a voz rouca:
«Quem vive passeando-se na dor,
encurralando-se nos caminhos da amargura?»
Pois que nunca me largue essa Loucura!
que corre comigo nas margens dos sonhos,
e vem deslizar na terra húmida,
que os homens já não se atrevem a pisar.
Mas não, não é por isso que deixo de dançar,
nas margens do rio,
no silêncio e nos murmúrios, que me traz essa razão,
Que só aos esboços das minhas ilusões,
Eu sou o toque da realidade.
Não fui eu, não fui eu que me fui!
Sou eu quem vive essa verdade.
Enquanto sanidade não me impedir de viver.
Deixem-me, deixem-me na margem!
Eu quero estar à margem!
E silencio,
para dançar.

 «E é por ser duro o acordar,
que vou deixar de adormecer?»

Rita Oliveira
16 de Abril de 2012